Rei Ludwig II



*** Rei Ludwig II ***
1845 a 1886


Biografia do Rei Ludwig II

O Rei Ludwig II é um personagem histórico fascinante... durante minha viagem à Alemanha tive um contato mais próximo com as narrativas de sua vida e não poderia deixar de registrar aqui no blog uma página totalmente dedicada à ele. 

Ludwig nasceu em 25 de agosto de 1845 no Castelo Nymphenburg, em Munique. Era o filho mais velho do rei Maximilian II e sua esposa, a princesa Maria da Prússia.

Ludwig, Maria da Prússia, Maximilian e Otto

O príncipe nasceu no dia do nome do canonizado Louis IX, rei da França e fundador da Casa de Bourbon. Seu avô e padrinho Ludwig I da Baviera, tinha Louis XVI da França como padrinho. Esse relacionamento com a Casa de Bourbon teve uma influência importante na maneira como o príncipe se viu ao longo de sua vida.

Ludwig e seu irmão Otto foram educados com muita disciplina, com ênfase no dever. Fora extremamente mimado e severamente controlado pelos seus tutores que o submetiam a um regime rigoroso de estudos e exercícios. Seus pais mantiveram-se à distância. Há quem aponte estas tensões derivadas do crescimento no seio de uma família real como causas para o seu comportamento bizarro na idade adulta.

Ludwig e Otto

Na adolescência passava a maior parte do tempo no Castelo de Hohenschwangau, o castelo construído pelo pai perto do Schwansee, em Füssen, e que viria a ser anos mais tarde vizinho do Castelo de Neuschwanstein. 

Ludwig havia acabado de completar 18 anos quando o pai morreu subitamente, deixando-lhe o trono da Baviera, o qual assumiu sem nenhuma experiência de vida ou política, mas adorado pelas mulheres. Já possuia os títulos de Duque de Zweibrücken e Conde Palatino do Reno quando se tornou Rei da Baviera, de 1864 a 1886 até ser deposto três dias antes de sua morte. 

Olhando para trás em 1873, ele se auto descreveu assim: "Tornei-me rei muito cedo. Eu não aprendi o suficiente. Eu tinha começado tão bem... com o aprendizado das leis estaduais. De repente, fui arrebatado dos meus livros e colocado no trono. Bem, ainda estou tentando aprender..."

Rei da Baviera

Em 1866, Ludwig II sofreu a maior derrota de sua vida quando o estado em expansão da Prússia conquistou a Áustria e a Baviera na "Guerra Alemã". A Prússia e os seus aliados venceram o conflito, fator decisivo para a ambição Prussiana de unificação de todos os pequenos reinos germânicos num único Império Alemão sob o governo do rei Guilherme I da Prússia, agora proclamado Imperador. A pedido do chanceler prussiano Bismarck e em troca de certas concessões financeiras, Ludwig escreveu uma declaração em dezembro de 1870 apoiando a criação do Império Alemão. 

Com a criação do Império, a Baviera perdeu seu estatuto de reino independente e tornou-se apenas um estado no Império. No entanto, a delegação do primeiro-ministro da Baviera, conde Otto von Bray-Steinburg, havia garantido uma posição privilegiada do Reino da Baviera dentro do Império Alemão. A Baviera conseguiu assim manter seu próprio corpo diplomático e exército, que só ficaria sob o comando da Prússia em tempos de guerra.

Batalha de Königgrätz, por Georg Bleibtreu. Óleo sobre tela, 1869

Após a criação da Grande Alemanha, Ludwig permaneceu como rei porém retirou-se gradativamente da política e passou a dedicar-se a projetos artísticos e arquitetônicos, como os famosos castelos, onde interveio pessoalmente em cada detalhe da arquitetura, decoração e mobiliário.

Ele encomendou a construção de dois palácios luxuosos, Linderhof e Herreninsel, além do Castelo de Neuschwanstein. Ludwig gastou todas as rendas reais nesses projetos, realizando grandes empréstimos e ignorando todas as tentativas de seus ministros para impedí-lo. Isso depois foi usado contra ele para declará-lo insano, uma acusação que desde então vem sendo refutada. Ludwig é geralmente bem considerado e até reverenciado na Baviera atualmente. Seu legado artístico e arquitetônico inclui muitos dos principais pontos turísticos da região onde é chamado carinhosamente de "Rei Cisne" ou "Rei dos Contos de Fadas".

Estes projetos empregaram centenas de trabalhadores, o que significou um fluxo considerável de dinheiro para as regiões relativamente pobres onde os seus castelos foram construídos. Os valores relativos aos custos totais entre 1869 e 1886 para a construção e aparelhamento de cada castelo são astronômicos: Castelo de Neuschwanstein, 6.180.047 marcos; Palácio de Linderhof, 8.460.937 marcos; Palácio de Herrenchiemsee, 16.579.674 marcos.

Cartão Postal em homenagem ao Rei Ludwig II e seus Castelos

Um eterno mistério

Mesmo antes de morrer, o rei já havia se tornado uma lenda. "Quero permanecer um eterno mistério para mim e para os outros" disse Ludwig uma vez à governanta e é esse elemento misterioso que ainda hoje fascina as pessoas.

O poeta Paul Verlaine chamou Ludwig II de "único rei verdadeiro deste século". O sonhador tímido, que não possuía as características típicas de um rei popular, vive até hoje ainda idolatrado. Seus palácios, que foram barrados a estranhos na época, foram visitados por mais de 50 milhões de pessoas desde sua morte. São registros em pedra do mundo ideal de fantasia que o rei construiu como refúgio da realidade. Sua interpretação histórica, poética e ideal de seu papel como rei foi finalmente sua queda. É possível que ele tenha preferido morrer ao invés de voltar à realidade.

Sua própria mãe, a Rainha Maria da Prússia disse que "Ludwig gostava de se vestir, gostava de atuar, adorava fotos e coisas do gênero ... e gostava de ... fazer presentes de suas propriedades, dinheiro e outros bens". Sua imaginação vívida, sua tendência a se isolar e seu pronunciado senso de soberania também já eram evidentes quando Ludwig era criança.

Eterno Sonhador

A Amizade com Richard Wagner

Um dos seus primeiros atos como Rei foi convocar o compositor Richard Wagner para a sua corte em Munique poucas semanas depois da sua ascensão ao trono. Wagner tinha uma notória reputação de revolucionário e namorador e estava constantemente em fuga dos credores. Ludwig admirava Wagner desde a adolescência, depois de ter assistido às óperas Lohengrin e Tannhäuser aos 15 anos. 

As composições de Wagner apelavam à imaginação e fantasia do rei e preenchiam um vazio emocional. O Rei foi provavelmente quem salvou a carreira de Wagner. Acredita-se que as composições posteriores de Wagner, bem como sua estreia no prestigiado Teatro Real de Munique, jamais teriam acontecido sem o patronato de Ludwig II.

"Hoje fui trazido a ele. Ele é infelizmente tão bonito e sábio, com alma de senhor, que temo que sua vida desapareça como um sonho divino neste mundo básico... Você não pode imaginar a mágica de seu respeito: se ele permanecer vivo será um grande milagre!" escreveu o compositor após seu primeiro encontro com o Rei.

Ludwig II e Richard Wagner

Nos anos seguintes, Munique se tornou a capital da música na Europa com as estreias de "Tristan und Isolde" em 1865, "Die Meistersinger von Nürnberg" em 1868, "Das Rheingold" em 1869 e "Die Walküre" em 1870. Assim, Ludwig II continuou a tradição de patrocínio da Casa de Wittelsbach em grande estilo.

Wagner, no entanto, foi forçado a deixar Munique no final de 1865 por causa de conflitos com o governo. Mais tarde, Ludwig II também protestou contra os sentimentos anti-semitas expressos para com seu amigo. No entanto, continuou com seu generoso apoio ao trabalho de Wagner. 

O Teatro dos Festivais, ou Bayreuth Festspielhaus, é um teatro de ópera especial criado apenas para encenar as óperas lendárias de Richard Wagner. O teatro é cheio de características únicas projetadas por Wagner, que aprimoram suas óperas e criam uma experiência única e extraordinária para o público. Era o sonho de vida de Wagner mas ele teve dificuldade em financiar isso. Eventualmente, o Rei Ludwig II se encantou com a ideia de Wagner e resolveu  ajudar.

Concordaram em instalar o teatro na cidade de Bayreuth, onde Franz Liszt morreu, no norte da Baviera. Os construtores colocaram a pedra fundamental no dia 22 de maio de 1872, aniversário de 59 anos de Wagner. A abertura foi quatro anos depois, no verão de 1876, para a primeira produção completa do ciclo "Der Ring des Nibelungen", uma estréia incrível que marcou o público presente. Em seguida, o Bayreuth Festspielhaus foi fechado por 6 anos, devido a problemas de financiamento. Mas em 1882, um ano antes da morte de Wagner, ele reabriu e com a apresentação de "Parsifal" que foi lançado neste festival. Desde então, o mundialmente famoso Festival de Bayreuth é realizado lá. Todo verão apresenta uma seleção de óperas de Wagner, e apenas óperas de Wagner são executadas. Historicamente, ela é gerenciada e dirigida por um dos descendentes de Wagner.

Bayreuth Festspielhaus

O Quase Noivado

Pressionado a conceber um herdeiro para o trono, Ludwig II ficou noivo da duquesa Sophie Charlote. Mas o noivado durou apenas poucos meses e o rei cancelou o compromisso. Ele jamais viria a se casar. 

Sua amizade íntima com vários homens, como o seu escudeiro e chefe de cavalaria Richard Hornig, o ator de teatro húngaro Josef Kainz e o cortesão Alfons Weber, levantaram suspeitas de que ele seria homossexual. Anotações nos seus diários demonstram que o rei lutou contra a homossexualidade ao longo de sua vida.

Com Sophie Charlote

Mundo da fantasia

Ludwig II foi possuído pela idéia de um reino santo pela Graça de Deus. Na realidade, ele era um monarca constitucional, um chefe de Estado com direitos e deveres e pouca liberdade de ação. Por esse motivo, ele construiu um mundo de fantasia ao seu redor, no qual, longe da realidade, ele podia sentir que era um rei de verdade. A partir de 1875, viveu à noite e dormiu durante o dia.

Projetos idealizados por pintores de cena teatral para um "Novo Castelo Hohenschwangau", um "Palácio Bizantino" e uma cópia de Versalhes já existiam em 1868. Desde o início, o mundo de fantasia de Ludwig abraçou várias épocas diferentes. O "Novo Castelo" que posteriormente veio a se chamar Neuschwanstein foi baseado no reinado cristão na Idade Média, e o novo Versalhes, construído em 1878 no Herreninsel, lembra o absolutismo barroco do Rei Bourbon da França. Já o Palácio Linderhof, construído em 1869, imita uma variedade de estilos, com a ajuda das mais recentes tecnologisa na época.

A Construção de Neuschwanstein

Ludwig passou cada vez mais tempo nas montanhas e correspondentemente menos tempo em Munique. Seu mundo de fantasia foi ainda mantido por "performances privadas" no Teatro Hoftheater onde óperas e peças de teatro eram executadas somente para o rei.

E há ainda os projetos que não chegaram a ser construídos mas já ocupavam a mente do jovem e sonhador Ludwig. O Castelo de Neuschwanstein nem estava pronto mas o fundamento do próximo castelo já estava sendo preparado. Ele se chamaria Falkenstein e deixaria o de Neuschwanstein parecendo um casebre. 

O Castelo Falkenstein ou Castrum Pfronten é a ruína de um castelo nos Alpes Bávaros, perto de Pfronten e fica há 1.277 metros acima do nível do mar. É o castelo mais alto da Alemanha. O Rei Ludwig II chegou a comprar a ruína em 1883 e planejava construir um castelo de conto de fadas, maior e mais impressionante que Neuschwanstein, mas os planos foram abandonados após sua morte em 1886.

Castelo Falkenstein
As ruínas

Rei do Graal

Ludwig II identificou-se cada vez mais com Parsifal, a lendária figura medieval do romance escrito pelo poeta-cavaleiro Wolfram von Eschenbach, no século XIII. Em muitas referências pode-se encontrar o personagem com os nomes de Parzival ou Percival. No romance de 16 livros narra-se as aventuras cavalheirescas do pai de Parsifal, seu casamento com Herzeloyde e o nascimento de Parsifal. A história continua quando Parsifal conhece três cavaleiros, decide procurar o Rei Arthur e continua uma busca espiritual e física pelo Graal. Entre os elementos mais marcantes do trabalho, destaca-se a importância da humildade, compaixão, simpatia e a busca pela espiritualidade. Um tema importante em Parsifal é o amor onde atos heróicos de cavalheirismo são inspirados no amor verdadeiro, que é finalmente realizado no casamento.

Essa lenda em particular é o assunto do último trabalho de Richard Wagner, "Parsifal", que ele iniciou em 1877. Wagner e seu círculo se referiam ao Rei em particular como "Parsifal" e seus problemas foram incorporados ao drama do Graal. O Castelo de Neuschwanstein, originalmente um monumento aos mineiros da época medieval, foi reinterpretado como o Castelo do Santo Graal e a Sala do Trono foi redesenhada como o Salão do Santo Graal, dedicado ao mistério da salvação para o mundo.

Parsifal e a busca pelo Santo Graal

O Recluso

A "solidão poética monárquica ideal" que o rei escolheu para si não era, a longo prazo, compatível com seus deveres como chefe de Estado. Os novos cenários que ele estava constantemente inventando para si estavam além dos recursos financeiros de um rei. Ludwig falhou com seu desejo de ancorar suas ilusões e sonhos na realidade.

A partir de 1885, bancos estrangeiros ameaçaram apreender suas propriedades. A recusa do Rei em reagir racionalmente levou o governo a declará-lo louco e depô-lo em 1886, um procedimento não previsto na constituição da Baviera. Ludwig II foi internado no Palácio Berg. No dia seguinte, ele morreu em circunstâncias misteriosas no lago Starnberg, junto com o psiquiatra que o havia considerado insano.

Rei Ludwig II na fase adulta

O Mistério de sua morte

Ludwig II morreu em 13 de junho de 1886 no lago Starnberg e até hoje sua morte é um mistério. Alguns dizem que foi um acidente, outras fontes dizem que foi assassinato. Eu, que adoro um romance de suspense e uma teoria da conspiração, é claro que vou preferir a versão criminosa...

Como o estado da Baviera estava falido, em crise, os ministros decidiram se rebelar, alegando que Ludwig II era mentalmente doente e incapaz de governar, numa tentativa de buscar uma causa para depô-lo por meios constitucionais. Solicitaram ao tio de Ludwig, o Príncipe Leopold, que assumisse a regência assim que o rei fosse deposto. Leopold aceitou, com a condição de que os conspiradores apresentassem provas confiáveis que atestassem a irremediável loucura do rei.

Entre janeiro e março de 1886, os conspiradores montaram um Relatório Médico que atestava a incapacidade de Ludwig para os negócios de governo. A maior parte dos detalhes constantes do relatório foram compilados pelo Conde von Holnstein, que estava desiludido com Ludwig e buscou ativamente a sua queda. O Conde usou sua alta posição para arrancar dos serviçais do rei uma longa lista de queixas, considerações e fofocas. A longa e extenuante descrição de comportamentos bizarros incluiu sua timidez patológica, sua indiferença para com os negócios de Estado, seus caros e complexos arroubos de fantasia, incluindo piqueniques ao luar onde seus jovens pagens dançavam nus, conversas com pessoas imaginárias, modos infantis e desleixados à mesa, o envio de agentes em viagens longas e caras para o exterior a fim de investigarem detalhes arquitetônicos para seus projetos e também o tratamento abusivo, por vezes violento, com seus serviçais.

Embora algumas destas acusações pudessem ser verdadeiras, não chegaram a ser confirmadas. Eram, no entanto, suficientes para convencer o príncipe Leopold a cooperar. Em seguida, os conspiradores se aproximaram do primeiro-ministro prussiano, Otto von Bismarck, que duvidou da veracidade do relatório, mas não impediu os ministros de continuarem com seu plano. No início de junho, o relatório foi finalizado e assinado por uma junta de quatro psiquiatras: Bernhard von Gudden, diretor do Asilo de Munique; Hubert von Grashey (genro de Gudden) e seus colegas, Hagen e Hubrich. 

O relatório declarou em seu diagnóstico que o rei sofria de paranóia, e concluiu: “Sofrendo de tal desordem, não se pode mais permitir liberdade de ação e Sua Majestade foi declarada incapaz de governar; que a incapacidade não será apenas por um ano de duração, mas durará por toda a vida de Sua Majestade“

Estes homens nunca conheceram o Rei e nem o examinaram. 

Os amigos do Rei e seus aliados incentivaram-no a fugir ou para seguir para Munique, a fim de reconquistar o apoio do povo. Ludwig hesitou, preferindo emitir uma declaração, que foi publicada em um jornal de Bamberg, em 11 de junho:

"O Príncipe Leopold pretende, contra a minha vontade, ascender à Regência de minha terra, e meu ministério de outrora, por meio de falsas alegações sobre o meu estado de saúde, enganou meu povo amado, e está se preparando para cometer atos de alta traição. Apelo a todos os fiéis da Baviera que reunam-se em torno de meus fiéis partidários para impedir a traição planejada contra o Rei e a pátria."

O governo conseguiu impedir a circulação da declaração, confiscando a maior parte dos jornais e panfletos. Com a hesitação de Ludwig, seu apoio diminuiu. Camponeses que se juntaram a sua causa estavam dispersos, e os policiais que guardavam Neuschwanstein foram substituídos por um destacamento policial de 36 homens que fechou todas as entradas para o castelo. Posteriormente, o Rei decidiu escapar, mas era tarde demais. Na madrugada de 12 de junho, uma segunda comissão chegou. O Rei foi preso logo após a meia-noite e às 4 da manhã levado para um trem. Ludwig foi levado para o Castelo de Berg, às margens do Lago Starnberger, ao sul de Munique.

Em 13 de junho de 1886, por volta das 18 horas, Ludwig pediu ao Dr. Gudden para acompanhá-lo em um passeio pelo bosque do Castelo de Berg, ao longo da margem do Lago Starnberger. Gudden concordou e disse aos enfermeiros para não acompanhá-los. Os dois homens foram vistos pela última vez por volta de 18:30 h e deveriam retornar às 20:00 h, mas nunca mais voltaram. 

Rei Ludwig II com o Prof. von Gudden no parque do Schloss Berg
Pintura de Perlberg

Após horas de buscas por toda a propriedade, sob chuva e ventos fortes, os corpos do rei e do médico foram encontrados flutuando em águas rasas perto das margens do lago. O relógio de Ludwig II havia parado de funcionar às 18:54. Os guardas responsáveis pelo patrulhamento do bosque alegaram não ter ouvido ou visto nada. 

A morte de Ludwig II foi considerada oficialmente como suicídio por afogamento, mas isso tem sido questionado. O rei era conhecido como um exímio nadador em sua juventude. A água, no local em que seu corpo foi encontrado, não alcançava sequer sua cintura e o laudo da necrópsia indicou que não havia água em seus pulmões. Ludwig II havia expressado sentimentos suicidas durante suas crises, mas a teoria de suicídio não explica totalmente a morte do Dr. Gudden.

A Morte no Lago - Ilustração

Muitos sustentam que Ludwig foi assassinado por seus inimigos, enquanto tentava escapar de Berg. Um relato sugere que o rei foi baleado. O pescador pessoal do rei, Jakob Lidl, declarou: “Três anos após a morte do rei, eu fui obrigado a fazer um juramento de que nunca iria dizer certas coisas, nem à minha esposa, nem em meu leito de morte, nem a qualquer sacerdote. O Estado se comprometeu a cuidar da minha família se alguma coisa acontecer comigo em qualquer tempo, de paz ou de guerra“

Lidl manteve seu juramento, ao menos verbalmente, mas deixou para trás anotações que foram encontradas depois de sua morte. De acordo com Lidl, ele estava escondido atrás de alguns arbustos com seu barco, à espera de encontrar o Rei, a fim de levá-lo pelo lago, onde partidários aguardavam para ajudá-lo a escapar. Assim que o Rei se aproximou e colocou um dos pés em seu barco, um tiro ecoou na margem, aparentemente matando-o instantaneamente, e o Rei caiu sobre a proa do barco. 

No entanto, o relatório da necrópsia indica que não havia cicatrizes ou ferimentos visíveis no corpo do rei morto. Por outro lado, muitos anos mais tarde, a condessa Josephine von Wrba-Kaunitz mostraria a alguns convidados para um chá da tarde, uma capa de chuva cinzenta com dois buracos de bala nas costas, afirmando que Ludwig estaria usando-a no momento de sua morte. 

Outra teoria sugere que Ludwig morreu de causas naturais como um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, provocadas pelo frio extremo (12 °C) das águas do lago durante uma tentativa de fuga. 

O corpo de Ludwig II foi vestido com as insígnias da Ordem de Santo Hubert e velado na Capela Real da Münchner Residenz. Na mão direita ele segurava um buquê de jasmins brancos, colhidos por sua prima, a Imperatriz Isabel, a famosa Sissi da Áustria. Após um serviço fúnebre elaborado, os restos mortais do rei foram sepultados na cripta da Michaelskirche, em 19 de junho de 1886. Seu coração, porém, não se encontra com o resto do seu corpo. Seguindo as tradições da Baviera, o coração do Rei foi depositado numa urna de prata e enviado para o Gnadenkapelle, a Capela da Misericórdia, em Altötting, onde foram colocados ao lado dos corações de seu pai e seu avô. 

Funeral do Rei Ludwig II

Túmulo de Rei Ludwig II na Michaelkirche

Três anos após sua morte, uma pequena capela foi construída com vista para a cruz que foi erguida no Lago de Starnberg, no local onde o corpo de Ludwig foi encontrado. Uma cerimônia é celebrada em intenção de sua alma, anualmente, no dia 13 de junho.

Cruz no Lago

Ludwig II foi sucedido por seu irmão Otto I, mas este também foi declarado incapaz de governar devido ao seu estado mental e seu tio Príncipe Leopold permaneceu na Regência. Leopold manteve-se à frente do governo até sua morte, em 1912, aos 91 anos de idade. Ele foi sucedido na regência por seu filho mais velho, também chamado Ludwig. A nova regência durou apenas 13 meses, quando Ludwig, filho de Leopold, declarou seu final, depôs Otto I e proclamou-se Rei, como Ludwig III da Baviera. Seu reinado durou até o final da Primeira Guerra Mundial, quando a monarquia em toda a Alemanha chegou ao fim.

Ludwig II morou em Neuschwanstein apenas 1 ano e meio até sua morte. Não teve filhos nem família. Sua prima, a Imperatriz Sissi, disse: “o Rei não era louco, era apenas um excêntrico vivendo num mundo de sonhos. Eles poderiam tê-lo tratado com mais delicadeza, e assim, talvez, poupá-lo de tão terrível fim.” 

Seu único desejo era que após sua morte, ninguém mostrasse seus castelos ao mundo, principalmente Neuschwantein pois queria que ele permanecesse secretamente naquele recanto natural. Mas após seis semanas após sua morte, o castelo foi aberto a visitação pública. Ironicamente, os castelos cuja construção teriam causado ruína financeira do reino, são hoje em dia a principal fonte de renda do estado da Baviera. Os palácios foram doados à Baviera em 1923 pelo príncipe Rudolph, filho e herdeiro de Ludwig III. Apenas com as visitas nos primeiros anos ao Castelo de Neuschwanstein, a família conseguiu recuperar o dinheiro investido na sua construção.


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